Tenho tentado entender esse turbilhão de sentimentos que me
invadiu desde que tomamos a decisão de adotar nosso bebê e demos início a todo
o processo de adoção, sentimentos estes mais intensos ainda desde que nosso processo foi
deferido e me peguei de fato nessa espera linda!
Imagino que quando uma mulher grávida pela biologia pega
aquele papelzinho contendo o resultado do exame e lê “positivo” uma chuva de
emoções cai na sua cabeça, no seu corpo, na sua alma. Tudo muito bem explicado
por livros, em blogs, pela mídia e por todas as mulheres do mundo que já
passaram por isso! Eu só não imaginava que essa mesma chuva de emoções cairia
na minha cabeça, corpo e alma ao pegar o papel contendo o positivo dessa minha
gravidez por adoção, um papel escrito “deferido” e entregue por um juiz! Na hora foi impossível segurar as lágrimas,
mesmo diante de estranhos. Seria assim se o papel tivesse sido pego num
laboratório, eu choraria da mesma forma... Eu sempre choro quando estou feliz
ou emocionada e nesse caso estava os dois!
E milhões de pensamentos passaram pela minha cabeça em poucos
segundos. Milhões de pensamentos ficam se chocando na minha cabeça o tempo
todo! Ele, meu bebê amado e tão desejado, está de fato à caminho de casa! E
agora, o que eu vou fazer? Meu Deus será que eu vou saber cuidar de um bebê?
Será que vou dar conta de tudo? E meu trabalho, como vai ficar? E quando acabar
a licença maternidade, quem ficará com meu pequeno? E o apartamento que ainda
não compramos? E o enxoval? O que será que eu tenho que comprar? Será que vamos
conseguir educá-lo nesse mundo maluco? Será que nosso dinheiro vai dar pra
tudo isso? E o plano de saúde, a escolinha, a babá??? E o nome dele, que nome vamos
escolher? Como será seu rostinho? Será que ele será feliz? Será que ele será
uma pessoa de bem? Ele gostará de rock como o pai ou de MPB como a mãe? Será
que ele vai gostar de frutas e verduras? Preciso comprar livros infantis...
Preciso comprar fraldas de pano modernas... Preciso comprar um sling... Preciso
ser uma pessoa melhor! Será que ainda dá tempo? ...
Do positivo até hoje essa chuva de emoções só aumentou, uma
tempestade aqui dentro, como se biologicamente algo estivesse acontecendo com
meu corpo, uma sensação de formigamento na alma, uma inquietude, sensações que
procuro palavras para definir mas não encontro... Nenhum livro ou blog que
explique... E fico admirada porque sinto ele aqui, perto de mim, dentro de mim,
mexendo na minha alma como quem acarinha o coração. Não sei qual a sensação de
um bebê mexer dentro da barriga mas sei a sensação dele mexer dentro da alma e
isso não é metafórico, eu sinto!
Sinto que tem um espaço no meu ser que antes era vazio e que
agora começa a ser preenchido com algo, algo que só consigo definir como amor!
Mas não é só amor, é amor e um senso de responsabilidade que eu nunca havia
experimentado antes! É amor e uma necessidade de cuidar e proteger numa
dimensão que eu nunca havia imaginado! Não é só amor... e desconfio que só quem
é mãe pode entender isso (e me pego falando coisas que só as mães falam!).
Uma vez eu disse para uma amiga que a única diferença entre
amor de mãe e o amor que eu sinto pelos meus sobrinhos é essa coisa da
responsabilidade, da necessidade de proteger! Eu estava certa, é isso que faz o
amor de mãe ser o maior do mundo e ela ser capaz de tudo e qualquer coisa pelo
filho amado, este senso de responsabilidade e esta necessidade de proteção para
com outro ser, que definitivamente não tem nada a ver com a biologia (se
tivesse não haveriam crianças para adoção, não é mesmo?). Um amor que tem a ver com algo que
extrapola nossa capacidade de compreensão desse espaço-tempo, dessa existência,
desse nosso limitado campo de visão e percepção!
E meu filho está chegando, minha barriga não está crescendo
mas meu peito parece que vai explodir! Meu filho está chegando, não tenho data
prevista para o parto mas minha ansiedade não permite que eu pense em outra
coisa! Meu filho está chegando! Não poderei amamentá-lo no meu seio mas vou
alimentar seu espírito com meu amor! Meu filho está chegando! Não vou ver seu
rostinho em nenhum ultrassom mas vejo seu sorriso nos meus sonhos! E as coisas
que não vou passar, sentir ou viver não me entristecem porque essa é a minha
história, não é mais bonita que outras bilhões de histórias de amor
e maternidade, é a minha história, somente a “minha” história! E aqui a analogia com uma viagem é
perfeita, se estamos indo para Paris de navio ou de avião, pouco importa, vamos
chegar ao mesmo lugar e todas as duas viagens podem ser maravilhosas,
experiências únicas e insubstituíveis!
Paris será sempre Paris!
Por falar em Paris, descobri agora que só um filho é capaz de fazer você abrir
mão de grandes sonhos sem que você sinta que está abrindo mão de nada... e
Paris... acho que vai ficar pra depois, porque meu filho está chegando!
Muitas vezes questionei silenciosamente os caminhos da
minha vida, agora faço minha oração de agradecimento, tudo está certo como está, ele está chegando!
Jana lindo demais, adorei!!!!!
ResponderExcluirObrigada Belém <3
ExcluirSimplesmente emocionante!!!!!! Chorei........ Que este sonho se realize muito em breve minha flor!!!!
ResponderExcluirLindo, parabéns!!!
ResponderExcluirTambém escrevo no meu blog: Coração Adotante, sobre essa linda gestação, creio que em breve teremos nossos filhos (as).
Obrigada Daisy, o meu blog não é propriamente sobre adoção, mas é inevitável, não há como não falar nessa gestação linda que estou vivendo! Penso em fazer um só sobre adoção! Vi seu blog, já estou seguindo, tão bom encontrar gente que sabe exatamente o que a gente está sentindo! Beijos ;)
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